quarta-feira, 25 de junho de 2008

...Camões...

Pois meus olhos não cansam de chorar
tristezas, que não cansam de cansar-me;
pois não abranda o fogo, em que abrasar-me
pôde quem eu jamais pude abrandar;

não canse o cego amor de me guiar
a parte donde não saiba tornar-me;
nem deixe o mundo todo de escutar-me,
enquanto me a voz fraca não deixar.

E se em montes, rios, ou em vales,
piedade mora, ou dentro mora amor
em feras, aves, plantas, pedras, águas,

ouçam a longa história dos meus males
e curem sua dor com minha dor;
que grandes mágoas podem curar mágoas.