quarta-feira, 30 de julho de 2008

...Coração...

Rifa-se um coração quase novo. Um coração idealista. Um coração como poucos.
Rifa-se um coração que na realidade está um pouco usado, meio calejado, muito machucado e que teima em alimentar sonhos e, cultivar ilusões. Um pouco inconsequente que nunca desiste de acreditar nas pessoas..
Rifa-se um coração que nunca aprende. Que não endurece e, mantém sempre viva a esperança de ser feliz. Um furioso suicida que vive procurando relações e emoções verdadeiras...
Rifa-se um coração que insiste em cometer os mesmos erros. Esse coração que briga e se expõe. Perde o juízo por completo em nome de causas e paixões. Sai do sério e, às vezes revê suas posições arrependido de palavras e gestos. Este coração tantas vezes incompreendido. Tantas vezes provocado. Tantas vezes impulsivo...
Rifa-se este desequilibrado emocional indicado apenas para quem quer viver intensamente e, contra indicado para os que apenas pretendem passar pela vida matando o tempo, defendendo-se das emoções...
Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por outro que tenha um pouco mais de juízo. Um órgão mais fiel.
Rifa-se um coração cego, surdo e mudo, mas que incomoda um bocado. Um verdadeiro caçador de aventuras que, ainda não foi adotado, provavelmente por se recusar a cultivar ares selvagens ou racionais.
Oferece-se um coração vadio, sem raça, sem pedigree. Um simples coração humano. Um modelo cheio de defeitos, um pouco ultrapassado que não faz muita questão de se modernizar...
Um velho coração que tem a petulância de se aventurar como poeta...